Pela primeira vez na vida assiti um show do Nei Lisboa!
Finalmente!
Até porque, soa estranho que nunca tenha visto o cara que toca a minha música preferida e é, além disso, gaúcho. "Pra você guardei um universo, quando falta espaço, eu faço um verso e durmo na canção"!!!
O show estava aquela coisa: a simplicidade e o bom humor do Nei.
Além disso, cantando cena beatnik, ele surpreendeu quase dando as costas depois dessa música que seria o bis, voltando e cantando: faxineira, fascinante.
Um cara que passou por muitos perrengues e que não tem a pretensão de ser um astro (conclusão chegada numa conversa muito divertida dentro de um fusquinha vermelho, com amigos queridos).
Além disso, as sacadas mais geniais nas suas letras e uma aversão ao gauchismo, retratada no texto abaixo.
Na boa, NEI LISBOA é o CARA!!!
Não estou subestimando a inteligência de ninguém ao dizer que a música gaúcha torna-se intragável para um adolescente esclarecido. Estou é afirmando que as gerações do século 21 não irão compactuar com os preconceitos, os estereótipos e o regramento artístico do movimento tradicionalista. Alguém (mais esclarecido) dirá que essa é uma generalização equivocada, já que nem toda a música regional se submete ao perfil do MTG, e que ela abriga outros movimentos como o nativismo, a tchê music, a projeção folclórica etc.
Está certo. Mas, cá entre nós, essas diferenças não são sempre cristalinas para o público. E se há de fato aqueles que refugam o modelo oficialista e conservador, pouco se escuta sua voz. Onde está essa contestação? No espaço mais visível da mídia, o que predomina é uma nebulosa monotemática, sempre pilchada a rigor e exaltando aquele Rio Grande que, sabe-se bem, nunca existiu. Sejam obras-primas e virtuoses, ou melodias e intérpretes canhestros, pouco importa: ficam todos cooptados por essa mitificação e perdem igualmente substância ao se enquadrar em tal moldura.
Usei a exata expressão “a música gaúcha torna-se” (e nunca “a música gaúcha é”) ao comentar meu desagrado por isso tudo que a envolve. Há uma sutileza gigante entre as duas formas, dentro da qual tentei ser gentil com colegas músicos, e muito duro com pretensos patrões da cultura.
Por óbvio, o gosto de cada um deve imperar na avaliação do que escuta, e isto aqui nem vem ao caso. Não estou recomendando que o gaúcho aprimore a sua técnica musical. Estou sugerindo que atualize a percepção de si mesmo. Que refine com verdade, razão e autonomia a sua trajetória. Aqueles poucos que, adulterando a frase, se apressaram em amesquinhar o tema são os interessados de sempre em insuflar a defesa da “valorosa honra do Rio Grande”, e dela extrair audiência e patrocínio. Talvez esteja aí o melhor exemplo do que é realmente difícil de engolir.
HASTA!!!
Hein?
Finalmente!
Até porque, soa estranho que nunca tenha visto o cara que toca a minha música preferida e é, além disso, gaúcho. "Pra você guardei um universo, quando falta espaço, eu faço um verso e durmo na canção"!!!
O show estava aquela coisa: a simplicidade e o bom humor do Nei.
Além disso, cantando cena beatnik, ele surpreendeu quase dando as costas depois dessa música que seria o bis, voltando e cantando: faxineira, fascinante.
Um cara que passou por muitos perrengues e que não tem a pretensão de ser um astro (conclusão chegada numa conversa muito divertida dentro de um fusquinha vermelho, com amigos queridos).
Além disso, as sacadas mais geniais nas suas letras e uma aversão ao gauchismo, retratada no texto abaixo.
Na boa, NEI LISBOA é o CARA!!!
Não estou subestimando a inteligência de ninguém ao dizer que a música gaúcha torna-se intragável para um adolescente esclarecido. Estou é afirmando que as gerações do século 21 não irão compactuar com os preconceitos, os estereótipos e o regramento artístico do movimento tradicionalista. Alguém (mais esclarecido) dirá que essa é uma generalização equivocada, já que nem toda a música regional se submete ao perfil do MTG, e que ela abriga outros movimentos como o nativismo, a tchê music, a projeção folclórica etc.
Está certo. Mas, cá entre nós, essas diferenças não são sempre cristalinas para o público. E se há de fato aqueles que refugam o modelo oficialista e conservador, pouco se escuta sua voz. Onde está essa contestação? No espaço mais visível da mídia, o que predomina é uma nebulosa monotemática, sempre pilchada a rigor e exaltando aquele Rio Grande que, sabe-se bem, nunca existiu. Sejam obras-primas e virtuoses, ou melodias e intérpretes canhestros, pouco importa: ficam todos cooptados por essa mitificação e perdem igualmente substância ao se enquadrar em tal moldura.
Usei a exata expressão “a música gaúcha torna-se” (e nunca “a música gaúcha é”) ao comentar meu desagrado por isso tudo que a envolve. Há uma sutileza gigante entre as duas formas, dentro da qual tentei ser gentil com colegas músicos, e muito duro com pretensos patrões da cultura.
Por óbvio, o gosto de cada um deve imperar na avaliação do que escuta, e isto aqui nem vem ao caso. Não estou recomendando que o gaúcho aprimore a sua técnica musical. Estou sugerindo que atualize a percepção de si mesmo. Que refine com verdade, razão e autonomia a sua trajetória. Aqueles poucos que, adulterando a frase, se apressaram em amesquinhar o tema são os interessados de sempre em insuflar a defesa da “valorosa honra do Rio Grande”, e dela extrair audiência e patrocínio. Talvez esteja aí o melhor exemplo do que é realmente difícil de engolir.
HASTA!!!
Hein?
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