“Não deixaremos dormir aqueles
que nos tiram o sono pelos animais”
Essa foi uma das frases utilizadas durante a manifestação realizada no dia 13/03/2010 pela SOS Animais, Grupo Bem-Estar Cavalos, Blog Amigos de Pelotas e Grupo Tholl. Mais de um mês se passou desde a manifestação e mais uma vez praticamente nada do que está prometido pelo poder público se concretizou. De lá para cá, que se tenha conhecimento, apenas os convênios com a UFPel, para castrações e atendimentos, e o novo furgão do CCZ se “materializaram”. Nada de nova hospedaria, nada de mais veterinários, nada de feiras de adoção, nada de abrigo, enfim, nada.
Mesmo o que foi providenciado até o momento ainda beira o nada. Um convênio para realizar 10 (!) castrações semanais numa cidade do porte de Pelotas, com seus estimados 30.000 cães e incontáveis gatos que vivem à própria sorte é, no mínimo, uma piada de mau gosto. E parece que nem essas 10 começaram a ser feitas.
Um furgão novinho para atendimento emergencial a cães e gatos encontrados gravemente feridos ou doentes em via pública é meramente simbólico se não tiver um veterinário para atender às ocorrências. É o equivalente a uma ambulância sem paramédicos.
Porém, sequer estão sendo selecionados veterinários para atendimento a pequenos animais. Está em andamento a contratação de 2 veterinários, mas ambos para atuarem na prometida nova hospedaria, no atendimento a grandes animais.
Estes são extremamente necessários, é verdade. Especialmente porque crescem assustadoramente os casos de maus tratos contra os cavalos, covardemente explorados até a exaustão completa e abandonados como lixo quando não “servem” mais à escravidão. Isso quando não morrem de problemas digestivos, pois é comum serem “alimentados” com pastel, cachorro-quente, sanduíche. Não me admiraria de vê-los matando a sede com um refrigerante.
Por outro lado, para se ter idéia da insignificância de realizar 10 castrações por semana, comparemos com Caxias do Sul, que faz em média 15 por dia. E Florianópolis, que faz 25 por dia? E Almirante Brown, na Argentina, que faz 60 por dia? E em Pelotas, onde a população de animais de rua cresce em progressão geométrica a cada dia, já que desde 2004, quando finalmente foi abolida a ineficaz política de controle através do sacrifício sistematizado, nunca foram implementadas com seriedade as medidas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (castração cumulada com educação para guarda responsável), não temos nem mesmo a média pífia de 2 castrações por dia.
Não é sequer ridículo, é vergonhoso. E o mais indignante nisso tudo é que as coisas não acontecem por pura falta de vontade, de comprometimento, de respeito com a saúde pública.
A luta pelo respeito às condições dignas de vida para os animais, que definitivamente não são os responsáveis pelo atual cenário de abandono, indiferença e desrespeito que temos vivenciado diariamente em Pelotas, vem mostrar que existem, sim, pessoas dispostas a combater a apatia.
Na esteira dessa luta podem e devem vir muitas outras, porque não é esse ou aquele grupo organizado que está sendo levado na conversa, são todos que vivem em nossa cidade. Todos, sem exceção. Gostem ou não, importem-se ou não com os animais. Todos pagam impostos e todos têm direito à saúde, à qualidade de vida, ao respeito.
Hasta!
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