domingo, 8 de junho de 2014

Fernandão não é meu Senna


Ontem, 07 de junho de 2014, foi um dia marcado por uma extrema tristeza e incredulidade do que havia acontecido. A cada imagem na televisão ou no facebook, lendo algum texto ou ouvindo rádio mesmo, as lágrimas rolaram.
Esse texto não quer protestar contra nada, mas apenas ser um esclarecimento para os que não compreendem porque tanto choro por um cara, que a maioria de nós nunca nem chegou perto e muito menos conversou. Meu objetivo também é mostrar que, o meu sentimento em relação ao Senna e ao Fernandão é completamente diferente.
Senna e Fernandão  tem duas coisas em comum: o carisma e a origem burguesa de suas famílias. A partir daí só vejo diferenças. Minhas verdades e minhas diferenças, que fique bem claro. Não quero ofender o Senna e muito menos quem curte o cara.
Como sempre, enumerarei.
      1. O que é fórmula 1?
     a)      A Fórmula 1 é algo que não faz a mínima diferença para minha vida, simplesmente porque são caras pilotando carros (ou seja, uma briga de motores de carro e suas escuderias) competindo para ver quem chega primeiro; b) Parece para mim também que a Fórmula 1 foi algo colocado numa ótima jogada de marketing pela Rede Globo, que vendo o Senna como um talento ao pilotar um carro, investiu nisso; c) Acredito também que boa parte das idolatrias e rivalidades são potencializados por essa emissora, bem como, por Galvão Bueno. Já me perguntei muitas vezes se odeio a Argentina e não odeio: parem para pensar se essa rivalidade/ódio não foi potencializada por Galvão... d) Enfim, você se emociona com lances de Fórmula 1? Parece que a “era Senna” proporcionou isso em alguns momentos e seguiu mitificando Senna quando o Brasil ganhou o tetra;  e) E finalmente: quantas pessoas tu conheces que já viram uma corrida de F1 num autódromo?
    
      2.     O que é futebol?
      
     a) Futebol é identidade. Quem gosta se identifica: sou fulano, tenho tantos anos, gosto de rock e sou colorado; sou fulana, sou negra, gosto de sorvete e sou xavante. É quase como uma extensão de um documento. Até quem definitivamente não gosta de futebol, geralmente diz: não gosto, mas prefiro o Grêmio, porque meu avô era gremista; b) Praticar futebol é algo estimulado desde que a gente nasce, salvo raras exceções. Dá para jogar futebol na escola (geralmente a melhor aula era a Educação Física!), no pátio, na rua, num terreno baldio, até dentro de casa quando a mãe quase morre do coração. Afinal: quantas pessoas tu conheces que jogam futebol e quantas participam de corridas? Quem hoje cresce querendo ser Alonso e quem cresce querendo ser o Neymar? c) O futebol definitivamente nos une, nos faz brigar, nos faz chorar, nos faz rir, nos deixa nervosos e faz a gente explodir de alegria no grito de gol; d) Não preciso de Galvão Bueno e nem do Paulo Britto para gostar de futebol, precisei muito mais das memórias de minha mãe, que colorada fanática ouvia os jogos em rádio de pilha com precariedade, já que nos anos 1970 morava num lugar que nem energia elétrica havia ou o meu companheiro Bruno, que com certeza é colorado muito mais pela lembranças do pai, dos tios e avós que moradores de Canoas, compareciam ao estádio e sofriam e sofrem pelo Inter até hoje; e) E mesmo que os ingressos estejam cada vez mais salgados, pessoas de todas as classes sociais vão ou já foram ao estádio e sabem a energia que vivemos lá.

É por isso, que Fernandão não é Senna. Senna foi um cara que ganhou corridas. Fernandão reinventou meu time de coração, time que sou torcedora desde que nasci. Fernandão me fez chorar ao levantar aquelas duas taças em 2006 (sem contar a que deveríamos ter levantado em 2005). Fernandão foi um cara do bem, líder e amigo de seus companheiros. Fernandão gostava de andar a cavalo, comer numa mesa simples como bem mostram as reportagens, casou com uma mulher “normal”, nenhuma super modelo ou super apresentadora de TV, teve três filhos. Fernandão foi um grande jogador colorado e um dos maiores torcedores colorados.
Ele foi o cara que nunca falou, mas que poderia ter dito para os meus contemporâneos nascidos entre 1980 e o começo dos anos 1990: Chega de sofrer! Agora tu vais viver muito além do que tu viste os gremistas da tua idade vivendo! Colorado tu mereces isso e vou me esforçar e provocar todo o time para que explodas de alegria!

Não comparem Fernandão com ninguém.
Fernandão não merece comparações.

Fernandão, muito obrigada por tudo! Meus filh@s e meus net@s saberão quem foste! Tu és o maior amor da parte mais colorada de nossos corações hoje e pela eternidade!



Hasta!  


Crédito da foto: Marcelo Campos/ MCDEZ retirada do site G1, de uma reportagem que dizia: Fernandão não esconde o carinho pelo colorado.

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