Ontem, 07 de junho de 2014, foi um dia marcado por uma extrema
tristeza e incredulidade do que havia acontecido. A cada imagem na televisão ou
no facebook, lendo algum texto ou ouvindo rádio mesmo, as lágrimas rolaram.
Esse texto não quer protestar contra nada, mas apenas ser um
esclarecimento para os que não compreendem porque tanto choro por um cara, que a
maioria de nós nunca nem chegou perto e muito menos conversou. Meu objetivo
também é mostrar que, o meu sentimento em relação ao Senna e ao Fernandão é
completamente diferente.
Senna e Fernandão tem
duas coisas em comum: o carisma e a origem burguesa de suas famílias. A partir
daí só vejo diferenças. Minhas verdades e minhas diferenças, que fique bem
claro. Não quero ofender o Senna e muito menos quem curte o cara.
Como sempre, enumerarei.
1. O que é fórmula 1?
a)
A Fórmula 1 é algo que não faz a mínima
diferença para minha vida, simplesmente porque são caras pilotando carros (ou
seja, uma briga de motores de carro e suas escuderias) competindo para ver quem
chega primeiro; b) Parece para mim também que a Fórmula 1 foi algo colocado
numa ótima jogada de marketing pela Rede Globo, que vendo o Senna como um
talento ao pilotar um carro, investiu nisso; c) Acredito também que boa parte
das idolatrias e rivalidades são potencializados por essa emissora, bem como,
por Galvão Bueno. Já me perguntei muitas vezes se odeio a Argentina e não
odeio: parem para pensar se essa rivalidade/ódio não foi potencializada por
Galvão... d) Enfim, você se emociona com lances de Fórmula 1? Parece que a “era
Senna” proporcionou isso em alguns momentos e seguiu mitificando Senna quando o
Brasil ganhou o tetra; e) E finalmente: quantas
pessoas tu conheces que já viram uma corrida de F1 num autódromo?
2. O que é futebol?
a) Futebol é identidade. Quem
gosta se identifica: sou fulano, tenho tantos anos, gosto de rock e sou
colorado; sou fulana, sou negra, gosto de sorvete e sou xavante. É quase como
uma extensão de um documento. Até quem definitivamente não gosta de futebol,
geralmente diz: não gosto, mas prefiro o Grêmio, porque meu avô era gremista;
b) Praticar futebol é algo estimulado desde que a gente nasce, salvo raras
exceções. Dá para jogar futebol na escola (geralmente a melhor aula era a
Educação Física!), no pátio, na rua, num terreno baldio, até dentro de casa
quando a mãe quase morre do coração. Afinal: quantas pessoas tu conheces que
jogam futebol e quantas participam de corridas? Quem hoje cresce querendo ser
Alonso e quem cresce querendo ser o Neymar? c) O futebol definitivamente nos
une, nos faz brigar, nos faz chorar, nos faz rir, nos deixa nervosos e faz a
gente explodir de alegria no grito de gol; d) Não preciso de Galvão Bueno e nem
do Paulo Britto para gostar de futebol, precisei muito mais das memórias de minha mãe, que colorada fanática ouvia os jogos em rádio de pilha com precariedade, já que nos anos 1970 morava num lugar que nem energia elétrica havia ou o meu companheiro Bruno, que com certeza é colorado muito mais pela lembranças do pai, dos tios e avós que moradores de Canoas, compareciam ao estádio e sofriam e sofrem pelo Inter até hoje; e) E mesmo que os ingressos estejam
cada vez mais salgados, pessoas de todas as classes sociais vão ou já foram ao
estádio e sabem a energia que vivemos lá.
É por isso, que Fernandão não é
Senna. Senna foi um cara que ganhou corridas. Fernandão reinventou meu time de
coração, time que sou torcedora desde que nasci. Fernandão me fez chorar ao
levantar aquelas duas taças em 2006 (sem contar a que deveríamos ter levantado
em 2005). Fernandão foi um cara do bem, líder e amigo de seus companheiros.
Fernandão gostava de andar a cavalo, comer numa mesa simples como bem mostram
as reportagens, casou com uma mulher “normal”, nenhuma super modelo ou super
apresentadora de TV, teve três filhos. Fernandão foi um grande jogador colorado
e um dos maiores torcedores colorados.
Ele foi o cara que nunca falou,
mas que poderia ter dito para os meus contemporâneos nascidos entre 1980 e o
começo dos anos 1990: Chega de sofrer! Agora tu vais viver muito além do que tu
viste os gremistas da tua idade vivendo! Colorado tu mereces isso e vou me esforçar e
provocar todo o time para que explodas de alegria!
Não comparem Fernandão com
ninguém.
Fernandão não merece comparações.
Fernandão, muito obrigada por tudo! Meus filh@s e meus net@s saberão quem foste! Tu és o maior amor da parte mais colorada de nossos corações hoje e pela
eternidade!
Hasta!
Crédito da foto: Marcelo Campos/ MCDEZ retirada do site G1, de uma reportagem que dizia: Fernandão não esconde o carinho pelo colorado.